Taurina reduz obesidade

A taurina (ácido 2-aminoetanosulfônico) foi inicialmente descrita como um aminoácido não-essencial, por ser sintetizada no fígado e cérebro, a partir dos aminoácidos metionina e cisteína. No entanto, recém-nascidos e crianças necessitam de taurina exógena, uma vez que existe uma baixa atividade das enzimas necessárias para a sua síntese na infância. Além disso, no adulto, o cérebro também necessita de taurina exógena por ter uma baixa atividade enzimática para sua síntese. Por estes motivos, a taurina passou a ser considerada condicionalmente essencial em fase de desenvolvimento humano, principalmente para o sistema nervoso, rins e retina.

“A deficiência de taurina está associada com cardiomiopatias, degeneração da retina, retardo no crescimento, problemas de audição, pouca massa muscular,  diabetes tipo 2 e obesidade.”

Animais obesos em laboratório tratados com o aminoácido ‘Taurina’ na água de beber (UNICAMP) não apenas perderam peso de forma significativa como também apresentaram diversos benefícios no contrôle da glicemia diz o Professor Everardo Magalhães Carneiro – Caxambu (MG).

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O interesse pela taurina (Tau), iniciou-se em meados de 1960, após a
constatação de sua presença em diversos tecidos corporais. As primeiras publicações
sobre esta substância datam da década de 60, com um grande aumento do número de
trabalhos a partir da década de 70, os quais em sua maioria evidenciavam as possíveis
aplicações clínicas e o envolvimento da Tau na prevenção da degeneração da retina,
epilepsia e ataxias (falta de coordenação em movimentos) (BARBEAU & HUXTABLE, 1978).

A Tau ou ácido beta aminosulfônico é um composto final do metabolismo dos
aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína) que se encontra conjugada com ácidos biliares de sódio e potássio, resultando na formação do ácido taurocólico, um dos ácidos da bile alcalina, essencial para absorção das gorduras (GANONG, 1993).

Está presente em altas concentrações em algas e frutos do mar.

A síntese de Tau ocorre a partir dos aminoácidos metionina e cisteína, através de uma seqüência de reações enzimáticas de oxidação e transulfuração que requerem a participação da vitamina B6 como co-fator.

Sem dúvida que uma menor ingestão destes aminoácidos pode acarretar num aumento das necessidades de Tau. Como um indivíduo adulto de 70 Kg necessita aproximadamente de 1g de proteína por quilo de peso corporal, as necessidades dos aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína) conseqüentemente são de 1190mg por dia (HUXTABLE,1992; LAJOLO & TIRAPEGUI, 1998; NEWSHOLME & LEECH, 1983).

A taurina está envolvida em uma variedade de processos biológicos, como a formação de sais biliares, osmorregulação, inibição do estresse oxidativo, imunomodulação, diabetes e aterosclerose. Muitos estudos têm demonstrado um efeito antioxidante da taurina devido ao conteúdo de enxofre presente neste aminoácido.

Quanto a obesidade e diabetes a taurina foi capaz de reduzir a resistência à insulina, hiperglicemia, hiperinsulinemia e peroxidação lipídica em ratos com diabetes tipo 2. A administração de taurina também foi associada com uma diminuição na concentração de lipídeos séricos tanto em ratos diabéticos quanto em pacientes com sobrepeso/obesidade. A ingestão diária de 3 g de taurina durante 7 semanas mostrou ser eficiente na redução de obesidade em adultos.

Formação de sais biliares e aterosclerose: uma das atividades biológicas bem documentada da taurina é a formação de sais biliares. Verificando-se que a taurina é capaz de melhorar a excreção biliar nas fezes e regredir lesões induzidas pelo alto conteúdo de colesterol. A maior concentração de Tau ocorre naturalmente em frutos do mar (8270mg/kg para crustáceos, 5200mg/kg para moluscos e 6550mg/kg para mexilhões), pescada (1720mg/kg), carne escura de aves (2000mg/kg para frango e 3000mg/kg para peru) (LAIDLAW et al., 1990). Também pode ser encontrada no leite de vaca e em alimentos de origem vegetal como nozes e feijão, sendo estas concentrações muito pequenas quando comparadas aos produtos animais (LAIDLAW 3 et al., 1990; HUXTABLE, 1987; PASANTES- MORALES et al., 1989).

A ingestão diária de Tau exerce papel importante na manutenção do índice de Tau no organismo uma vez que a habilidade de sintetizá-la por mamíferos é limitada.(STAPLETON etal., 1998). 

A ingestão dietética estimada de Tau é bastante variável, provavelmente, decorrente das diferenças nas técnicas analíticas. Estudos relatam que a média de ingestão entre onívoros varia entre 58mg a 123mg, entre lacto-ovovegetarianos é de 17mg e entre vegetarianos é de 0mg (SCHULLER-LEVIS & PARK, 2003, STAPLETON et al., 1998). A quantidade de Tau contida nas bebidas energéticas,
usualmente é de 1g, sendo mundialmente utilizado para melhora do desempenho
esportivo e bem estar geral (SCHULLER-LEVIS & PARK, 2003).

Em humanos, a principal via de excreção é através dos rins, sendo que o conteúdo de Tau na urina reflete a ingestão dietética deste aminoácido derivado. (STAPLETON et al.,1998).
A taurina exerce um efeito protetor quando o coração está sob situações de estresse. Este aminoácido derivado aumenta a função cardíaca através da regulação da homeostasia intracelular de Cálcio (AZUMA et al., 1992).

A taurina regula a capacidade de depósito de Cálcio no retículo sarcoplasmático e estimula a taxa de bombeamento do mesmo.

Este efeito inotrópico é devido ao aumento na taxa de bombeamento e na quantidade de Cálcio nas proteínas miofibrilares contráteis. Estas ações farmacológicas e fisiológicas da Tau são muito similares às características dos digitálicos (GEIB et al., 1994).
A taurina é o principal aminoácido intracelular livre na maior parte dos tecidos
dos mamíferos (STURMAN & CHESNEY, 1995).

Segundo KENDLER (1989), o organismo humano, normalmente, possui entre 12 e 18g (100-150mmol) de Tau. As maiores concentrações intracelulares de taurina são encontradas no coração, leucócitos, músculo esquelético, retina e SNC, sendo o fígado o local de maior variação nas concentrações de taurina, onde estas são dependentes da dieta ingerida. No coração, a taurina computa 60% do conjunto de aminoácidos livres e suas altas concentrações na retina, onde a taurina exerce um efeito protetor, pode ser explicada pela habilidade de concentração rápida deste aminoácido pelo eptélio pigmentado retinal.

Entretanto, a maior concentração de taurina humana, até 75% do total, encontra-se distribuído pela musculatura, onde é também o aminoácido livre
mais abundante (GAULL, 1989; KENDLER, 1989).

No organismo, a Tau é sintetizada a partir do aminoácido essencial metionina
e do aminoácido não essencial cisteína. A cisteína também é biossintetizada a partir
da metionina por uma reação de transulfuração. Existem três vias conhecidas para
siíntese de Tau a partit da cisteína. Todas as três vias requerem a participação da
piridoxal-5-fosfato (P5P), a coenzima da vitamina B6 como cofator. Estudos demonstram que uma deficiência de vitamina B6 prejudica a síntese de Tau no organismo (BIRDSALL, 1998).
A Tau proveniente da alimentação é prontamente absorvida pelo trato gastrointestinal.
Sua captação intestinal é uma importante contribuição para o equilíbrio de Tau no organismo humano e pode ser decisiva quando a sua síntese está debilitada
(KORANG et al., 1996a; KORANG et al., 1996b).

A imaturidade dos rins de bebês prematuros de baixo peso ao nascer pode
levar a uma excreção excessiva de taurina na urina em relação a bebês nascidos a
termo, com possibilidade de risco à retina e ao cérebro, por exemplo, onde a taurina
exerce efeito protetor (ZELIOVIC et al., 1990).
Em estudo com crianças obesas (8 a 12 anos de idade) com fígado gorduroso,
foi oferecida 2 a 6g/dia por 6 meses, em combinação com uma dieta apropriada. O
controle de peso só teve êxito na metade dos casos, mas o uso de taurina demonstrou
bons resultados no tratamento de fígado gorduroso em todos os casos. É possível que
a taurina reduza a quantidade de gordura no fígado pela inibição da principal enzima
de sua síntese, a diacilglicerol acil Co-A transferase. Não foram observados efeitos
adversos resultantes da administração de taurina (OBINATA et al., 1996).

A taurina é encontrada tanto nas células da glia (células auxiliares do sistema nervoso) como nas neuronais (Oja e Kontro,1983), contudo a sua distribuição no SNC possui diferentes concentrações intraregionais deste aminoácido. Ao contrário do conteúdo de taurina da maioria dos outros órgãos, os níveis de taurina no cérebro são preservados em estados de deficiência orgânica (STURMAN & GAULL, 1975).
O conteúdo de taurina no cérebro fetal é mais que o dobro que o de um adulto
(STURMAN & HAYES, 1980), mas é único aminoácido do cérebro cuja
concentração diminui com o desenvolvimento pós-natal (STURMAN & GAULL, 1975).
Dentre as funções da taurina no cérebro estão a de neurorregulação,
neurodesenvolvimento, modulação da excitabilidade neuronal, manutenção da função cerebelar, modulação da liberação hormonal e anticonvulsivante (OJA & KONTRO, 1983). No cérebro, a taurina também desempenha papel osmorregulador protegendo-o contra a toxicidade dos íons de Cálcio, paralelamente a seu papel protetor das células (LEHMAN et al., 1984).

A TAURINA tem um papel vital na audição. Foi descoberto que taurina pode reverter os processos bioquímicos, inclusive, da perda de audição (Neurosci Lett. 2006 May 15;399(1-2):23-6; Neuroreport.2008 Jan 8;19(1):117-20). Outros estudos tem demonstrado que a taurina pode eliminar quase completamente o zumbido nos ouvidos associados ao Tinnitus (Hear Res. 2010 Dec 1;270(1-2):71-80).
Um outro efeito que o uso da taurina pode causar é o vasodilatador. Desta forma esse aminoácido pode ajudar a melhorar a movimentação de diversos nutrientes através do sangue e melhorar o aporte de substâncias como sais minerais e substratos para os tecidos do organismo. Além disso, ajuda a melhorar a função cardiovascular ajudando a baixar a pressão.
Grande parte dos danos à audição não ocorre nas partes mecânicas do ouvido, mas sim nas células nervosas que convertem ondas sonoras em energia elétrica que é percebida pelos nossos cérebros. Como outras células nervosas, estas denominadas ‘células ciliadas’ dependem do fluxo de íons de cálcio para dentro e fora da célula. Taurina ajuda a restaurar e controlar o fluxo normal de íons de cálcio nas células auditivas (Pharmacol Rep. 2008 Jul-Aug;60(4):508-13).

Quando uma pessoa está acima do peso adequado ou apresenta outros fatores como aumento da circunferência abdominal de maneira desproporcional isso pode sugerir que o indivíduo possui intolerância à glicose e resistência à insulina. Ambos dificultam a entrada da glicose nos tecidos o que faz que a taxa dessa substância na corrente sanguínea seja elevada aumentando a produção de insulina pela célula beta. Isso se torna um círculo vicioso e pode levar a pessoa a desenvolver diabetes. Assim, o uso da taurina seria benéfico para essas pessoas, pois ajudaria a regular esse processo que acontece nas células das ilhotas pancreáticas.
 

Moderar a ingestão de açucares, doces e bolos, leite condensado, bolachas, refrigerantes, carboidratos em geral, ajudará a manter a estabilidade da taurina no organismo uma vez que ela participa do metabolismo da insulina liberada no sangue. Pouca taurina está relacionada com elevada taxa de insulina. Portanto quanto menos insulina mais taurina disponível no organismo e o que for excedente do aminoácido será eliminado naturalmente através da urina.

Matéria selecionada traduzida e compilada por Rama Shakti

http://agencia.fapesp.br/suplementacao_com_taurina_pode_ajudar_na_prevencao_da_obesidade_e_na_resistencia_a_insulina/19813/

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